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Um quinto das indústrias usaria cabotagem com portos melhores

Um quinto das indústrias usaria cabotagem com portos melhores

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que uma em cada cinco indústrias brasileiras adotaria o transporte por cabotagem se o país tivesse melhores condições de infraestrutura portuária. O levantamento reforça o potencial ainda pouco explorado do modal marítimo na matriz logística nacional.

Atualmente, apenas 29% das empresas industriais utilizam a cabotagem, transporte de cargas entre portos brasileiros, para escoar sua produção. Mesmo assim, o modal representa menos de 11% da matriz de transporte do país, sendo que três quartos desse volume correspondem a petróleo e derivados.

Obstáculos e desafios da cabotagem no Brasil

Entre os principais motivos que impedem a adoção do transporte por cabotagem, o estudo aponta:

  • Incompatibilidade geográfica (45% das respostas);
  • Indisponibilidade de rotas (39%);
  • Maior tempo de trânsito e distância até o porto, ambos com 15%.

Apesar das limitações, 79% das empresas que já utilizam o modal afirmaram que o fazem para reduzir custos, enquanto 21% destacaram a segurança no transporte como principal vantagem.

Uso da cabotagem por porte de empresa

O levantamento mostra uma grande diferença entre empresas de diferentes portes:

  • Pequenas indústrias: apenas 7% utilizam cabotagem;
  • Médias empresas: 22%;
  • Grandes empresas: 44%, sendo 8% usuárias intensivas do modal.

Para os empresários entrevistados, a falta de investimento em infraestrutura portuária é o principal obstáculo para expansão da cabotagem, apontado por 69% das empresas que usam o modal e 70% das que não usam.

Falta de conhecimento sobre o BR do Mar

A pesquisa também revelou que 76% dos empresários que já utilizam a cabotagem desconhecem o programa BR do Mar, criado pelo novo marco regulatório do setor e em vigor desde julho de 2024.

O BR do Mar tem como objetivo ampliar a oferta de navios, atrair investimentos e estimular o transporte marítimo de produtos. No entanto, para a CNI, o sucesso do programa depende da publicação de duas portarias essenciais: uma sobre contratos de afretamento de longo prazo e outra que definirá o conceito de “embarcação sustentável”.

Com esses ajustes, o setor industrial acredita que o modal marítimo poderá se consolidar como alternativa eficiente e competitiva para o transporte de cargas no Brasil.