Falsificação de bebidas alcoólicas acende alerta e ameaça exportações brasileiras
A recente onda de falsificação e adulteração de bebidas alcoólicas no Brasil acendeu um sinal de alerta para o setor exportador. O tema ganhou relevância após o aumento de casos de intoxicação por metanol, substância tóxica frequentemente associada a bebidas adulteradas.
O Brasil figura entre os principais exportadores de bebidas alcoólicas da América Latina. Entre janeiro e agosto de 2025, o país exportou US$ 195,8 milhões em produtos do segmento. No ano anterior, o total chegou a US$ 281,9 milhões. No entanto, especialistas temem que os recentes episódios de falsificação possam impactar a imagem do país no exterior e comprometer contratos de exportação já consolidados.
Os principais destinos das bebidas brasileiras são o Paraguai (47,3%), Bolívia (18%) e Cuba (8,5%). O Estado de São Paulo lidera o ranking nacional de exportações, com US$ 135,6 milhões, representando 69,2% das vendas externas - e, paradoxalmente, também concentra o maior número de casos suspeitos de intoxicação por metanol no país.
Ações emergenciais e liberação de medicamento
Em resposta à gravidade da situação, a Anvisa anunciou a liberação excepcional da importação de 2.600 frascos de fomepizol, medicamento usado no tratamento contra intoxicação por metanol. O fomepizol ainda não possui registro no Brasil, e sua importação foi autorizada com base na RDC 203/2017, norma que permite a entrada de produtos sem registro nacional em casos emergenciais. Essa medida visa garantir atendimento rápido a pacientes afetados, reduzindo os riscos de óbitos e complicações graves.
Impactos sobre o comércio exterior
Para o setor logístico e de comércio exterior, a crise exige atenção redobrada. Um aumento na percepção de risco sanitário pode gerar restrições alfandegárias, exigências adicionais de certificação e atrasos nos embarques.
Além disso, possíveis barreiras sanitárias internacionais poderiam afetar a competitividade das bebidas brasileiras, especialmente em mercados sensíveis à rastreabilidade e à qualidade do produto.
Especialistas reforçam que o fortalecimento dos mecanismos de controle e fiscalização interna, aliado à transparência nas cadeias produtivas e logísticas, é essencial para preservar a credibilidade do Brasil no cenário global.
Com medidas eficazes e coordenação entre agências reguladoras, exportadores e operadores logísticos, o país poderá conter os danos e assegurar a continuidade de um setor que movimenta centenas de milhões de dólares e gera milhares de empregos diretos e indiretos.