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Governo dos EUA entra em shutdown e impacto pode atingir o comércio internacional

Governo dos EUA entra em shutdown e impacto pode atingir o comércio internacional

No dia 1º de outubro, expirou o prazo para que o Congresso dos Estados Unidos evitasse a paralisação do governo, conhecida como shutdown. A situação, já esperada por analistas, ocorreu devido à falta de consenso entre os Partidos Republicano e Democrata sobre as propostas orçamentárias apresentadas.

O shutdown representa uma interrupção parcial das atividades do governo federal, causada pela ausência de aprovação de recursos orçamentários. Entre os serviços afetados estão o funcionamento de agências federais e o pagamento de servidores considerados “não essenciais”.

A medida decorre da Lei Antideficiência de 1884, que proíbe as agências federais de gastar acima do limite autorizado sem a aprovação do Congresso norte-americano.

Paralisação pode afetar exportações e importações

Sem acordo entre os partidos, republicanos e democratas agora buscam um novo texto para encerrar o impasse e evitar o prolongamento da paralisação. Caso o shutdown se estenda, os efeitos podem alcançar o comércio internacional, impactando agências estratégicas como o Departamento de Comércio dos EUA, o Escritório de Indústria e Segurança (BIS) e a Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP).

Com base em paralisações anteriores, é provável que o BIS suspenda temporariamente a análise e o processamento de pedidos de licença de exportação, pareceres consultivos e solicitações de classificação de mercadorias (CCATS). A medida afeta diretamente exportadores que dependem da aprovação de licenças de exportação norte-americanas, gerando atrasos e incertezas no planejamento logístico.

Importações também devem enfrentar atrasos

As importações de produtos sensíveis ou regulamentados, como medicamentos, alimentos perecíveis e produtos farmacêuticos, também podem enfrentar maiores tempos de espera. Embora o CBP tenha confirmado que continuará as inspeções de carga e o processamento de passageiros, nem todos os serviços seguirão em ritmo normal.

Durante o shutdown, funções como revisão documental, avaliação tributária e verificação de conformidade tendem a ocorrer de forma mais lenta, já que funcionários não essenciais entram em licença temporária.

Setor logístico se prepara para possíveis gargalos

Diante do cenário, portos, transportadoras ferroviárias e empresas de logística internacional já se preparam para enfrentar atrasos e gargalos operacionais. A redução de pessoal e a lentidão nos processos de documentação podem gerar impactos diretos sobre prazos de embarque, liberação aduaneira e custos logísticos.

Especialistas alertam que, embora o shutdown seja um fenômeno interno dos Estados Unidos, seus efeitos se refletem nas cadeias de suprimentos globais, especialmente em países com forte dependência de importações e exportações com o mercado americano, como o Brasil.

O shutdown do governo dos EUA evidencia como decisões políticas e orçamentárias podem ter impacto direto sobre o comércio exterior e a logística internacional. Enquanto o impasse não é resolvido, exportadores e importadores devem monitorar de perto as operações das agências americanas e se preparar para eventuais atrasos nos processos aduaneiros e logísticos.