O Porto de Santos, principal complexo portuário da América Latina, registrou em setembro um dos piores níveis de pontualidade dos últimos meses. De acordo com levantamento baseado em dados operacionais dos terminais BTP, Santos Brasil e DP World, 75% dos navios que atracaram apresentaram alterações nos prazos previstos, com média de seis dias de atraso.

O estudo mostra que o problema se agravou ao longo de 2025. Desde janeiro, a taxa de embarcações com prazos alterados subiu de 58% para 75%, refletindo um cenário de crescente instabilidade operacional.

Custos e impactos para exportadores

A situação preocupa exportadores, importadores e agentes de carga, que enfrentam custos adicionais de armazenagem, pré-empilhamento e multas por devolução fora do prazo. A imprevisibilidade logística torna-se ainda mais crítica diante do aumento no volume de exportações no segundo semestre.

Outro ponto de atenção é o tempo de gate aberto, apenas 38% dos navios mantiveram janelas superiores a 48 horas, o que reduz a previsibilidade e dificulta o planejamento das operações portuárias. Entre os casos mais críticos de setembro estão o MSC Taurus VII, com 35 dias de diferença entre o prazo inicial e o final, e o Ever Fine, com 31 dias de atraso.

Safras e aumento do volume de cargas

De acordo com especialistas do setor, houve uma breve redução nos atrasos no início de 2025, devido à queda de 20% a 25% na exportação de café durante a entressafra. No entanto, com o início das safras de açúcar, algodão e a retomada dos embarques de café, o volume de exportações voltou a crescer, pressionando a infraestrutura do porto e os terminais operadores.

Medidas de mitigação e descontos para exportadores

Durante audiência na Comissão Mista que analisa a Medida Provisória do Brasil Soberano, o diretor-presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, apresentou um estudo que prevê descontos tarifários para exportadores afetados pelas novas tarifas impostas pelo governo norte-americano.

Entre os principais produtos exportados pelo Porto de Santos impactados pelo tarifaço estão o café, o algodão, o açúcar e a carne bovina, todos fortemente representados nas cadeias de exportação brasileiras.

Perspectivas para os próximos meses

A expectativa é que o Porto de Santos continue operando em alta demanda até o fim do ano, com a intensificação das exportações agrícolas e a chegada de novos lotes de carga industrial. Para evitar gargalos, o setor logístico reforça a necessidade de planejamento integrado, monitoramento em tempo real e coordenação entre terminais e transportadores. Com o aumento dos custos e dos prazos de movimentação, a eficiência logística torna-se um fator estratégico para a competitividade das exportações brasileiras.