EUA e China firmam novo acordo comercial, afetando na queda de tarifas e a volta da soja americana
A primeira reunião entre Donald Trump e Xi Jinping desde 2019 resultou em um acordo histórico que promete aliviar as tensões na guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo. Realizado em Busan, na Coreia do Sul, o encontro de 1h45 produziu um pacote comercial de 1 ano, com impactos imediatos nas tarifas, no comércio marítimo e, principalmente, no mercado global da soja - acendendo o alerta entre exportadores brasileiros.
Tarifas em queda e alívio no comércio internacional
Um dos principais pontos do acordo foi a redução das tarifas sobre produtos chineses, que passaram de 57% para 47%, com efeito imediato. A chamada ?taxa do fentanil? foi reduzida de 20% para 10%, enquanto a taxação de 100% que entraria em vigor em novembro foi cancelada.
Outro destaque foi a decisão da China de suspender por um ano o controle sobre as exportações de terras raras, minerais estratégicos usados em eletrônicos e veículos elétricos. Além disso, os EUA suspenderam a investigação da Seção 301 sobre os setores marítimo, logístico e de construção naval chinesa, o que deve favorecer o transporte internacional e reduzir custos logísticos.
Essas medidas podem gerar efeitos positivos nas rotas entre Brasil e Ásia, com reflexos no custo do frete e na competitividade das exportações brasileiras.
Soja americana volta ao mercado chinês
O ponto mais sensível para o agronegócio brasileiro veio na parte final do encontro. Em um gesto de ?gentileza?, segundo Trump, Xi Jinping autorizou a retomada das importações de soja dos Estados Unidos, após meses de suspensão.
Entre janeiro e agosto de 2025, as importações chinesas de soja transgênica americana caíram 95,5%, despencando de US$ 2,28 bilhões para US$ 101,8 milhões. Nesse intervalo, Brasil e Argentina preencheram a lacuna, alcançando recordes de exportação e consolidando o Brasil como principal fornecedor de soja para a China.
Impactos para o Brasil
A retomada do comércio agrícola entre EUA e China traz oportunidades e riscos para o Brasil:
Risco de perda de mercado: se as compras chinesas de soja americana voltarem aos níveis anteriores, o Brasil pode perder participação no mercado chinês, que é o principal destino da soja brasileira.
Alívio logístico: por outro lado, a suspensão das taxações e investigações no setor marítimo pode beneficiar o frete internacional e reduzir custos nas rotas entre Brasil e Ásia.
Acordo temporário, mas de grande impacto
O pacote comercial EUA-China tem validade de um ano, com previsão de revisão anual pelos dois países. Apesar do caráter temporário, o acordo sinaliza uma reaproximação econômica entre Washington e Pequim e pode redesenhar o fluxo global de commodities, especialmente de soja, minerais e produtos industrializados.
Para o Brasil, o cenário exige monitoramento constante: o país pode ser beneficiado pela melhora nas condições logísticas, mas também precisa se preparar para uma possível redução nas exportações de soja à China, um fator crucial para a balança comercial brasileira.