Navios iniciam retorno gradual ao Mar Vermelho após meses de bloqueio
O setor marítimo internacional começa a testar, de forma cautelosa, o retorno de embarcações ao Canal de Suez e ao Mar Vermelho, rotas estratégicas que permaneceram praticamente paralisadas desde o final de 2023 devido aos ataques dos rebeldes Houthis, do Iêmen, contra navios comerciais.
A movimentação marca um momento decisivo para o comércio marítimo global, especialmente para as rotas que conectam Europa e Ásia, responsáveis por uma parcela significativa do transporte internacional de contêineres e energia.
CMA CGM lidera o retorno pelo Canal de Suez
A francesa CMA CGM foi a primeira grande transportadora a anunciar o retorno de navios ao Mar Vermelho. Dois porta-contêineres irmãos, o CMA CGM Benjamin Franklin e o CMA CGM Zheng He, estão navegando da Europa para a Ásia via Suez, representando o primeiro serviço da Ocean Alliance a utilizar o corredor marítimo desde o fim de 2023.
A retomada é vista como um teste de segurança e estabilidade, acompanhado de perto por operadores, seguradoras e autoridades marítimas.
Movimentação de petroleiros e gás natural liquefeito
Além do transporte de contêineres, há avanços também no setor energético. O navio-tanque russo de Gás Natural Liquefeito (GNL), Arctic Metagaz, atualmente no Golfo de Áden, deve ser o primeiro transportador de GNL a cruzar o Canal de Suez em oito meses.
Outro navio russo, o Komander, de 21 anos e alvo de sanções internacionais, gerou preocupações ao encalhar brevemente no canal, próximo ao marco de 48 km, após problemas no motor. O incidente foi rapidamente controlado, sem grandes impactos na navegação.
Risco ainda presente, mas sinais de normalização
Operadores e seguradoras permanecem atentos à postura dos Houthis, que até o momento não realizaram novos ataques neste mês. Entretanto, a retomada de bombardeios em Gaza por parte de Israel mantém o cenário regional instável.
Mesmo assim, o Egito já anunciou que está elaborando planos para a retomada plena do comércio através do Canal de Suez, reforçando medidas de segurança e monitoramento para garantir a fluidez das operações.
Impactos no comércio global
O bloqueio do Mar Vermelho, uma das principais rotas marítimas do planeta, causou aumento expressivo nos custos de frete, atrasos logísticos e desvios de navios pelo Cabo da Boa Esperança, ampliando o tempo e o custo das viagens entre Europa e Ásia.
Com a retomada gradual das operações, espera-se uma redução dos custos logísticos e uma melhoria na disponibilidade de embarcações nos próximos meses, desde que o ambiente geopolítico permaneça estável.