Em ação histórica, EUA taxam 126 países e acendem alerta para o comércio internacional

Em uma medida sem precedentes na história recente do comércio internacional, os Estados Unidos anunciaram a imposição de tarifas sobre produtos importados de 126 países, com alíquotas que variam entre 10% e 50%. O anúncio foi feito no dia 02 de abril de 2025, diretamente da Casa Branca, pelo presidente norte-americano, como parte de uma nova política comercial mais agressiva, voltada à proteção da indústria nacional.
A medida entrou em vigor no dia 5 de abril, com alíquotas iniciais de 10%, podendo subir para determinados países a partir de 9 de abril. O impacto imediato será sentido por exportadores e operadores logísticos de todo o mundo, com possíveis repercussões para empresas brasileiras que comercializam com os Estados Unidos ou mantêm cadeias de suprimentos ligadas ao país.
Produtos isentos e setores afetados
Apesar da abrangência da medida, o governo norte-americano divulgou uma lista de produtos isentos das novas tarifas, o que inclui:
- Artigos de cobre;
- Produtos farmacêuticos;
- Semicondutores;
- Madeira serrada.
Fora desses segmentos, todas as demais categorias de bens estão sujeitas às novas taxas, o que inclui manufaturados, alimentos, máquinas, veículos, têxteis, produtos químicos e eletroeletrônicos. A nova política representa uma ruptura significativa na agenda de liberalização comercial vigente nas últimas décadas.
Riscos de recessão global e impacto logístico
Um relatório recente do Federal Reserve (Fed) de Richmond trouxe à tona a preocupação crescente entre analistas e empresários, especialmente no setor de manufatura, onde mais de 30% das empresas classificaram as novas políticas tarifárias como sua principal fonte de incerteza e preocupação para 2025.
De acordo com o relatório, as tarifas tendem a elevar os preços ao consumidor final, o que pode reduzir o consumo doméstico e pressionar ainda mais a inflação. Ao mesmo tempo, o esperado aumento da produção local pode não compensar os danos causados à competitividade global das empresas americanas e seus parceiros comerciais.
Em contrapartida, essa medida pode disparar uma onda de retaliações, encarecer produtos, desorganizar cadeias produtivas e comprometer o crescimento em países exportadores.
Possíveis retaliações e mudanças nos fluxos logísticos
Diversos países já manifestaram a intenção de estudar retaliações comerciais. Na prática, isso pode resultar em:
- Redirecionamento de rotas logísticas globais;
- Alterações nos fluxos de contêineres e embarques;
- Aumento de custos operacionais para importadores e exportadores;
- Crescimento da insegurança contratual e cambial.
Para empresas brasileiras que operam com exportações para os Estados Unidos ou que participam de cadeias globais ligadas ao país, o cenário exige monitoramento constante e reavaliação das estratégias logísticas e comerciais.