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Queda na demanda por contêineres na rota China-EUA

Queda na demanda por contêineres na rota China-EUA

As tensões comerciais entre Estados Unidos e China continuam a impactar significativamente o comércio internacional. A possibilidade de um novo acordo bilateral que reduza tarifas de importação levou muitos importadores americanos a suspender pedidos e remessas, na tentativa de evitar a tarifa mínima de 145% atualmente imposta pelos EUA sobre produtos chineses.

Esse movimento estratégico dos importadores resultou em uma queda abrupta na demanda por frete marítimo entre os dois países. Segundo o relatório mais recente da Freightos, a procura por espaço nos navios caiu entre 30% e 50% nas últimas semanas, afetando diretamente os fluxos da principal rota de comércio marítimo do mundo.

Cancelamentos de itinerários e realocação de capacidade

Em resposta à redução de volume, companhias de navegação estão cancelando viagens e suspendendo serviços completos entre os portos chineses e os EUA. As estimativas apontam para o cancelamento de 28% da capacidade disponível para a Costa Oeste americana (USWC) e 42% para a Costa Leste (USEC) nas próximas semanas.

Paralelamente, as linhas marítimas estão redistribuindo parte de suas frotas para outras rotas do Extremo Oriente, onde uma pausa tarifária de 90 dias ainda está em vigor. Embora essa estratégia alivie momentaneamente os efeitos da guerra tarifária, o aumento repentino no volume desses portos alternativos pode gerar gargalos logísticos, impactando a fluidez operacional e os tempos de trânsito.

Tarifas de frete sofrem leve queda

Apesar da queda no volume transportado, os preços do frete marítimo vêm registrando apenas reduções pontuais. O Índice Mundial de Contêineres apontou variações discretas:

  • Queda de 3% na rota Xangai - Nova York;
  • Redução de 2% na rota Xangai - Los Angeles.

Analistas indicam que a tendência de queda nas tarifas pode se acentuar caso a instabilidade nas negociações comerciais se prolongue, aumentando a ociosidade nas embarcações.

Portos dos EUA sentem os reflexos

Nos Estados Unidos, os principais portos vêm enfrentando forte desaceleração. O Porto de Los Angeles, maior hub de entrada de cargas da Ásia, registrou uma queda de 35% na movimentação, enquanto Long Beach projeta retração de 30% nas importações para o mês de maio. O impacto já se espalha por toda a costa Leste e do Golfo, evidenciando os efeitos generalizados da guerra tarifária.

Especialistas alertam que a continuidade desse cenário poderá pressionar os custos ao consumidor, além de contribuir para uma redução expressiva no comércio bilateral entre EUA e China, que superou US$ 500 bilhões em 2024.