Os portos de São Francisco do Sul e Itapoá, em Santa Catarina, estão se preparando para competir diretamente com o Porto de Santos, o maior complexo portuário da América Latina. O motivo é o novo projeto de profundamento do canal de navegação da Baía da Babitonga, que permitirá o acesso de navios maiores, com até 366 metros de comprimento, aos terminais catarinenses.

A iniciativa foi oficializada com a assinatura de uma parceria público-privada (PPP) entre os portos de Itapoá (privado) e São Francisco do Sul (público, administrado pela SCPar, estatal catarinense). A dragagem ampliará a profundidade do canal de 14 para 16 metros, o que, segundo especialistas, colocará Santa Catarina no radar das principais rotas marítimas internacionais.

É um impacto extraordinário na economia de Santa Catarina, pois vai proporcionar a chegada de navios com muito mais contêineres, trazendo benefícios para o transportador, para o vendedor e também para o comprador, solidificando um passo decisivo para a competitividade logística do estado.

O investimento total é estimado em R$ 324 milhões, sendo R$ 300 milhões financiados pelo Porto de Itapoá e R$ 24 milhões como contrapartida do Porto de São Francisco do Sul. O volume de dragagem previsto é de 7 milhões de metros cúbicos de sedimentos, que serão reaproveitados para recomposição da faixa de areia das praias de Itapoá, numa extensão de 9 quilômetros.

Avanço logístico com protagonismo estadual

A parceria representa um marco de inovação e autonomia na gestão portuária do estado. O Porto de Paranaguá continua discutindo a privatização do canal de acesso. Com a espera de recursos do Governo Federal, o Estado terá um enorme prejuízo, pois há uma tendência de perda de navios e cargas que hoje operam no estado. Todas as companhias marítimas estão aumentando seus navios e precisam de portos com tecnologia e infraestrutura adequadas.

Integração entre público e privado com apoio federal

O projeto catarinense foi elogiado por representantes do governo federal. Com a nova infraestrutura, os portos catarinenses passam a disputar a preferência de grandes armadores e operadores logísticos que hoje concentram operações no Porto de Santos, abrindo espaço para uma descentralização estratégica do comércio exterior brasileiro.