Operação-padrão nas aduanas gera atrasos e impacta o fluxo logístico em fronteiras brasileiras

A intensificação da operação-padrão dos auditores fiscais nas aduanas brasileiras continua gerando atrasos significativos no comércio exterior, com impacto direto sobre o transporte de cargas e o tempo de liberação de mercadorias. A paralisação de rotina, que tem como uma das principais ações o desembaraço zero, vem afetando terminais estratégicos nas regiões Sul e Centro-Oeste do país.
Em Foz do Iguaçu (PR), importante ponto logístico na fronteira com o Paraguai, cerca de 1.140 caminhões encontravam-se parados, aguardando liberação aduaneira. A retenção causou congestionamentos e desaceleração das operações de importação e exportação, afetando empresas brasileiras e internacionais que dependem da fluidez dessa rota.
Na cidade de São Borja (RS), a intensificação das fiscalizações teve início em 28 de abril, com foco nos veículos provenientes da Argentina. Segundo relatos, cerca de 40 veículos foram inspecionados apenas naquele dia, gerando filas com tempo de espera superior a 6 horas e prejudicando a previsibilidade das entregas.
O cenário se repete em Porto Xavier (RS), onde o tempo médio de liberação das exportações aumentou de 2 para 24 horas, prejudicando a regularidade dos embarques e gerando incertezas para os exportadores que operam pela região.
Já no Porto Seco Rodoviário de Uruguaiana (RS), um dos maiores entrepostos aduaneiros da América do Sul, a operação de fiscalização realizada no dia 30 de abril incluiu verificação documental e inspeção física dos elementos de segurança das cargas. A ação provocou uma fila de 4 km de caminhões e a retenção de 200 senhas de acesso, resultando em uma média de três horas de espera por veículo.
Reflexos para o setor logístico
O aumento dos tempos de inspeção, somado à imprevisibilidade das liberações, está provocando custos extras com armazenagem, diárias de veículos, risco de vencimento de cargas perecíveis e atrasos contratuais. Operadores logísticos e despachantes aduaneiros têm redobrado os esforços para reorganizar fluxos, informar clientes e mitigar os impactos.
Enquanto não houver uma solução entre os servidores da Receita Federal e o governo, a tendência é de manutenção ou até intensificação das operações-padrão, o que pode comprometer o desempenho da balança comercial e a confiança internacional no sistema aduaneiro brasileiro.