Com o objetivo de impulsionar a descarbonização portuária e marítima no Brasil, o Pacto Global da ONU - Rede Brasil lançou a primeira versão de um guia estratégico para o setor. Desenvolvido pelo Grupo de Trabalho de Negócios Oceânicos, ligado à Plataforma de Ação Pela Água e Oceano, o material é o primeiro hub corporativo nacional focado em promover a transição energética dos portos e do transporte marítimo. Disponível online, o guia oferece uma visão ampla sobre as discussões globais relacionadas ao tema, destacando os principais desafios e as oportunidades que se abrem para o Brasil, país com vasto potencial de se posicionar como líder nesse cenário.

O lançamento ocorreu durante o evento SDGs in Brazil 2024, considerado o maior evento de sustentabilidade corporativa do Brasil, realizado no dia 20 de setembro na sede da ONU, em Nova York. 

O transporte marítimo é crucial para o comércio global, mas também é uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa (GEE), contribuindo com cerca de 3% das emissões globais, de acordo com a Organização Marítima Internacional (IMO). Em resposta a essa realidade, a IMO estabeleceu metas ambiciosas: reduzir as emissões em 30% até 2030, 80% até 2040 e atingir emissões líquidas zero até 2050. Sem ações concretas, as emissões do setor podem crescer até 250% até 2050. No Brasil, a economia do mar, que inclui o transporte marítimo, representa entre 19% e 21% do PIB nacional, sendo responsável por aproximadamente 95% das exportações do país, conforme dados do BNDES.

A transição para uma economia de zero emissões no setor portuário e marítimo não é apenas uma urgência ambiental, mas também uma oportunidade para uma transformação justa. É necessário ter proatividade na busca por soluções eficientes e equitativas.

O Guia, fruto de mais de um ano de trabalho do Grupo de Negócios Oceânicos, aborda os principais desafios e oportunidades para o setor, como a criação de ecossistemas de descarbonização para portos e o uso de combustíveis alternativos. O Brasil já explora diferentes rotas tecnológicas, como o biodiesel, HVO (diesel verde), etanol e metanol. 

O Guia também traz estudos de caso nacionais e internacionais, além de um caderno de recomendações e uma análise sobre a inclusão da descarbonização na agenda governamental. O Pacto Global pretende expandir o Grupo de Trabalho, criando um espaço para trocas de experiências e inovações entre os atores da indústria marítima e portuária, com o objetivo de desenvolver projetos-piloto e acelerar a implementação de soluções sustentáveis.