Fraude e roubo de carga nos EUA atingem níveis críticos e mobilizam o setor de transporte

Os casos de fraude e roubo de carga nos Estados Unidos continuam a crescer em ritmo acelerado, gerando grande preocupação entre as empresas de transporte, operadores logísticos e autoridades federais. Diante do cenário alarmante, representantes do setor logístico norte-americano estão pressionando o Congresso dos EUA a aprovar a criação de uma força-tarefa federal permanente, com o objetivo de reforçar o combate a esses crimes e aumentar as penalidades contra os infratores.
Houve um aumento de 27% nos roubos de carga em 2024, um dado que por si só já preocupa, mas que pode ser apenas parte de um cenário muito maior. O número real de incidentes pode estar entre 50 mil e 100 mil casos por ano.
A subnotificação ocorre, segundo especialistas, devido à classificação inadequada dos crimes, que muitas vezes são registrados como roubo de automóvel, furto genérico ou fraude, dificultando a contabilização precisa e a criação de políticas eficazes de combate ao problema.
Prejuízos podem ultrapassar US$ 35 bilhões anuais
De acordo com a Homeland Security Investigations (HSI), agência federal responsável por investigações de segurança interna, os prejuízos causados por crimes contra cargas no país giram entre US$ 15 bilhões e US$ 35 bilhões por ano. A diversidade de atuação criminosa, que vai desde roubos físicos até fraudes digitais altamente sofisticadas, exige uma resposta integrada e coordenada entre as esferas federal, estadual e local.
Legislação atual: Safeguarding Our Supply Chains Act
Hoje, os esforços de combate a esses crimes são amparados pelo Safeguarding Our Supply Chains Act, legislação que criou um Centro de Coordenação de Crimes da Cadeia de Suprimentos e uma Força-Tarefa de Fraude e Roubo na Logística, com envolvimento de diversas agências reguladoras e policiais ferroviárias e locais.
No entanto, o setor defende que essa legislação, por si só, não é suficiente. Um novo projeto de lei propõe a destinação de US$ 100 milhões ao longo de cinco anos para intensificar os esforços de fiscalização e tornar obrigatório o registro de roubos de carga, melhorando assim a coleta e análise de dados.
Falta de coordenação entre agências é entrave
Apesar do avanço legislativo, há um consenso entre os líderes do setor de que a falta de definição clara de responsabilidades entre as agências federais tem prejudicado o combate efetivo aos crimes.
Soluções propostas: mais do que legislação
Embora a proposta de uma força-tarefa nacional seja amplamente apoiada, representantes do setor ressaltam que a legislação precisa ser acompanhada de medidas práticas, como:
- Aumento das penalidades para crimes logísticos;
- Melhoria na integração de dados e comunicação entre agências;
- Capacitação de autoridades locais para atuar com eficácia nesse tipo de crime;
- Uso de tecnologia para rastreamento e análise de risco.
O que isso significa para o Brasil e o comércio internacional?
O aumento da criminalidade logística nos EUA serve de alerta também para operadores brasileiros e empresas que atuam no comércio exterior. O fortalecimento de protocolos de segurança da informação, rastreamento de cargas e validação de parceiros comerciais torna-se essencial para prevenir perdas e mitigar riscos operacionais nas rotas internacionais.