Trump anuncia pausa de 90 dias em tarifas, mas Brasil fica de fora do alívio

Em meio à crescente pressão de líderes empresariais e à reação negativa dos mercados globais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas mais altas aplicadas recentemente sobre produtos importados. Durante esse período, as tarifas serão reduzidas temporariamente para 10%, como forma de aliviar a tensão comercial e reabrir canais de negociação com países que buscaram diálogo direto com o governo americano.

A medida, no entanto, não representa uma suspensão total das tarifas e possui restrições importantes. As tarifas sobre aço e automóveis permanecem inalteradas, assim como as aplicadas ao Brasil, que continua com a alíquota de 10% sobre seus produtos exportados aos EUA.

Motivações e recuo estratégico

Inicialmente, a Casa Branca justificou a decisão como resultado de pedidos de mais de 75 países que buscaram negociações bilaterais com os Estados Unidos. No entanto, Trump admitiu, em coletiva de imprensa posterior, que o colapso recente dos mercados financeiros foi um fator decisivo. Ele também reconheceu que algumas empresas foram desproporcionalmente afetadas pelas medidas tarifárias e sinalizou que pode avaliar ajustes específicos nos próximos dias.

Brasil: impacto permanece, mas há sinais positivos no câmbio

Para o Brasil, a notícia não representa alívio imediato. As exportações nacionais continuam sujeitas à tarifa de 10%, o que mantém os desafios logísticos e comerciais para setores como agronegócio, siderurgia e autopeças.

Entretanto, o mercado reagiu positivamente à sinalização de trégua parcial. O real voltou a se valorizar, e segundo analistas, o recuo da moeda americana foi impulsionado tanto pelo alívio nas tensões comerciais quanto pela recuperação no preço das commodities, que favorece a balança comercial brasileira.

Reflexos na logística internacional

A decisão de suspender parcialmente as tarifas pode gerar efeitos importantes no curto prazo para a logística internacional, entre eles:

• Redução de custos operacionais para importadores nos países beneficiados pela pausa;
• Reprogramação de embarques que haviam sido suspensos ou adiados devido ao aumento das tarifas;
• Retomada de negociações comerciais com países estratégicos que buscam garantir acesso ao mercado norte-americano sem retaliações;
• Manutenção da pressão sobre o Brasil, que precisará reforçar sua diplomacia comercial para garantir tratamento equivalente aos seus principais concorrentes.