Falta de fiscalização agrava crise e Aeroporto de Guarulhos entra em colapso
O Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU), principal hub logístico da América Latina e uma das principais portas de entrada para o comércio exterior brasileiro, enfrenta uma crise sem precedentes que ameaça paralisar parte das operações de importação e exportação do país. A situação, descrita como “crítica” por especialistas e lideranças do setor, resulta de um congestionamento severo no terminal de cargas, que vem impactando diretamente empresas e operadores logísticos.
Segundo comunicado do SINDICOMIS NACIONAL e da ACTC (Associação de Comissários de Carga), as entidades realizaram uma enquete com empresas do setor para avaliar o impacto da crise e enviaram um ofício à ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) solicitando medidas urgentes para mitigar os gargalos operacionais. As entidades afirmam que estão prontas para colaborar na busca por soluções que beneficiem toda a cadeia logística e o comércio exterior brasileiro.
Crise Afeta Grandes Companhias Aéreas
Entre os efeitos da crise, destaca-se a suspensão de operações de carga por grandes companhias aéreas. A LATAM Cargo, uma das principais operadoras no mercado brasileiro, anunciou recentemente o cancelamento de todos os voos cargueiros para o Aeroporto de Guarulhos, redirecionando suas operações para outros terminais. Em comunicado interno, a empresa descreveu a situação como “excepcional”, citando um aumento abrupto de carga, limitações operacionais e até condições climáticas adversas como fatores que contribuem para o colapso.
Impacto Direto no Tempo de Liberação de Cargas
Dados do setor mostram que o tempo médio para liberação de cargas no terminal de Guarulhos, que antes não ultrapassava 48 horas, atualmente pode chegar a até duas semanas. Esse atraso tem impactos profundos, considerando que GRU é responsável por cerca de 45% de toda a carga aérea internacional do Brasil. O acúmulo de mercadorias e a demora na liberação afetam diretamente empresas importadoras e exportadoras, gerando custos extras e atrasos em contratos internacionais.
A crise também impacta diretamente o setor de cargas perecíveis, como alimentos e produtos farmacêuticos, que exigem rapidez no processamento e transporte. Com os atrasos, empresas relatam perdas significativas de mercadorias e multas elevadas devido à impossibilidade de cumprir prazos contratuais. A situação afeta a confiança de parceiros internacionais e representa uma ameaça à competitividade do Brasil no comércio global.
A crise ocorre em um momento particularmente crítico, às vésperas da alta temporada, quando o volume de cargas tende a aumentar em cerca de 30%. Com o cenário já congestionado, o setor teme que a situação se agrave ainda mais nos próximos meses, impactando as operações de empresas de diversos segmentos.
Medidas Propostas para Contornar a Crise
Dentre as alternativas apresentadas pelas entidades para mitigar a crise, estão:
- Melhoria na Fiscalização e Otimização dos Processos Aduaneiros: A falta de fiscalização e controle eficiente tem sido apontada como um dos principais fatores que contribuem para o congestionamento no terminal. Uma revisão nos processos de desembaraço aduaneiro poderia reduzir o tempo de liberação das cargas.
- Adoção de Embalagens e Equipamentos Padronizados: O fracionamento excessivo de cargas e a distribuição dispersa em diferentes aeronaves têm sido identificados como fatores que aumentam a complexidade da operação. A adoção de embalagens maiores e padronização no uso de equipamentos poderia agilizar o processamento.
- Novos Agendamentos e Flexibilidade no Recebimento de Cargas: O comunicado sugere a realização de agendamentos nos períodos matutinos e fins de semana para diminuir o acúmulo de mercadorias durante o horário de pico.
Um Chamado Urgente por Soluções
A crise enfrentada pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos é um alerta para a necessidade de medidas estruturais e eficientes na infraestrutura logística brasileira. Com o aumento do volume de importações e exportações e o impacto direto na economia, o momento exige ações coordenadas entre governo, empresas e reguladores.
A situação no GRU Airport evidencia a importância de investimentos em tecnologia, logística integrada e melhorias no processo de fiscalização e controle aduaneiro. Sem ações eficazes, o Brasil corre o risco de perder competitividade e comprometer sua posição no comércio exterior global.